sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O futuro da escrita

Estou lendo um livro chamado Digimodernism: How New Technologies Dismantle the Postmodern and Reconfigure our Culture (o app do Blogger para celular não tem itálico), do professor inglês de literatura Alan Kirby. Ele reflete sobre o significado cultural da diferença entre escrever e teclar. Diz:

"What digimodernism looks forward to is a world without writing, that is, where nobody manipulates a pen or pencil to record discourse; it suggests a time when children will never learn how to write and be taught, instead, from infancy how to type. There is something scary about a society where no one writes, where no one knows how to hold and wield some sort of a pen, since writing has always been the symbol of and identical with civilization, knowledge, memory, learning, thought itself. The idea (...) that writing's absence is somehow dehumanized, haunts us; not to teach a child how to write feels like consigning him or her to an almost bestial state. And yet there is no reason today to imagine that we are not heading toward such a world. Already the e-mail and SMS have largely superseded the phone call, which itself saw off the letter; we have passed from writing through speaking to typing, and while the newer form can coexist with its downgraded forerunner, something must logically at some stage become obsolete. Negotiating that may be a key challenge of our century."

Como historiadora, sabendo da íntima relação entre o surgimento da escrita como sistema, a produção do documento e a fixação da memória, tal pensamento é realmente muito inquietante. E há outra questão nisso, que é a dependência total de energia para tarefas tão tecnologicamente triviais. Para digitar dependemos da rede elétrica, da bateria, da conexão, coisas que estão muito além de nosso controle.

Soma-se a esta atônita reflexão a ironia de estar escrevendo este post via o pequeno teclado do iPhone e o fato de estar agora mesmo vendo os alunos fazerem uma prova - talvez já o único grande momento em que eles usam uma caneta para expressar seu pensamento.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aprendizagem X apatia

Um dos maiores dilemas do meu trabalho tem sido compreender a postura dos alunos, e a grande variabilidade que tenho encontrado entre euforia com a novidade e o alcance do trabalho com a Wikipédia e apatia e falta de iniciativa com os aspectos dinâmicos das atividades.

Hoje li no Inside Higher Ed um artigo de uma professora, Eliza Woolf, que observa os mesmos problemas que tenho tido com a resposta geralmente apática dos alunos, de maneira geral:


Um dos comentários sobre o texto, procurando uma solução para o problema, mencionou uma série de três vídeos sobre a teoria do Alinhamento Construtivo, do educador australiano John Biggs, elaborados pela universidade de Aarhus, na Dinamarca (os vídeos têm legendas em português):






Embora os vídeos tragam questões que considero muito pertinentes e tendo a concordar com eles, parece-me que são apresentados como *a* solução para o problema apontado pelo artigo. O que tenho visto no meu trabalho, porém, é que mesmo com a solução do aprendizado orientado para a produção do aluno, sabendo eles os objetivos do trabalho, mesmo assim preciso empurrá-los constantemente para que se envolvam com o trabalho de edição, e até com as discussões teóricas mais próximas da dinâmica de aula com que estão acostumados.

Estou ainda procurando compreender as razões do comportamento apontado pela profa. Woolf. Comentários são bem-vindos.